A voz. Ela nos identifica, nos dá personalidade. Mostra ao mundo o tom com que lidamos com ele. Ela, inclusive, vira marca de um povo. Os italianos, por exemplo, são conhecidos por falarem mais alto e alegremente que o restante das pessoas.
Mas e quando a voz não pode ser a transmissora de tanta personalidade? Quando ela é modulada pelo silêncio? Para muitas pessoas é assim. A voz pode demonstrar para o mundo que uma pessoa não escuta 100% bem.
Da mesma forma como para cada pessoa a surdez tem um efeito distinto, a voz também varia de caso a caso. E o modo como ela soa ao mundo pode impactar mais ou menos a vida do deficiente auditivo.
A voz é modulada pelo feedback sonoro que ela provoca em nosso corpo. Através dele modulamos a altura, a forma como articulamos as palavras, o tom que temos. E é com ele também que aprendemos a falar e fazer os sons de cada fonema corretamente. Surdos não recebem esse feedback, ou recebem no de forma menos clara, por este motivo podem ficar com alguns desses fatores moduladores da voz alterados.
Pessoas com surdez tardia tendem a ter menos alterações na fala, entretanto elas também podem sentir, principalmente pelo relato de parentes e amigos, que sua voz está sendo alterada com a perda da audição. Isso se torna motivo de vergonha e insegurança.
Já para surdez nata ou adquirida antes da fase da fala, a voz é um fator ainda mais alterado. Tendo em vista que se aprende a falar imitando e repetindo os sons recebidos pelo feedback auditivo, com isso, quem nunca os escutou e não praticou as pronúncias terá grande dificuldade em reproduzi-lo.
Para alguns surdos falar alguns fonemas é mais difícil, assim como manter um tom da voz. E ainda há casos de vozes muito finas ou muito grossas, de ritmo de fala mais lento ou acelerado, não há um padrão fixo.
Com isso tudo exposto é normal se concluir que a voz se torne uma questão para muitas pessoas que não escutam. Principalmente quando ainda não se sentem confortáveis em dividir com todos sobre sua surdez. Para pessoas mais velhas essa alteração na voz, pode também ser mais um indicativo que há algo sendo afetado pela passagem do tempo, trazendo mais motivos que expõe a idade, o que, muitas vezes, vem acompanhada de ansiedade.
Os fonoaudiólogos mais uma vez são profissionais que podem auxiliar muito a vida e o dia a dia de pessoas surdas ou com deficiência auditiva. O trabalho que realizam na tonação da voz, pode trazer mais clareza à fala e desta forma simplificar a rotina dos pacientes.
Em casos de surdez para as quais há tratamento ou a possibilidade de uso de aparelhos auditivos ou implantes, a voz pode ser recuperada ou aprimorada após o início de tais procedimentos. Alguns pacientes irão recuperar a voz por completo sozinhos, alguns outros precisarão de um auxílio da fono, cada indivíduo é único e precisará trabalhar junto com a junta de profissionais que cuidam dele.
De qualquer maneira, o melhor a fazer é não esconder suas dificuldades. Mostrar ao mundo que você tem alguma perda auditiva ou de fala não o torna um indivíduo menos eficaz. E buscar ajuda de profissionais que estarão ao seu lado para dar prosseguimento a uma vida com a surdez é o melhor caminho.
As inseguranças fazem parte de toda adaptação, principalmente quando se trata de nossa saúde e cuidados médicos. O importante é ter ciência que as decisões estão em sua mão e que você não tem o controle sobre a surdez, mas pode ter em como irá viver com ela. Escolha uma boa equipe médica e não se esconda.
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